Praxeologia, Motivação e Vocação

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Disraeli diz: “Faça o que lhe agrada, contanto que isso lhe agrade de fato.” Essa citação é, em todo o seu sentido, primorosa; vivemos num mundo (entende-se mundo por realidade) onde recursos são escassos; portanto, empreendemos os nossos esforços sempre em direção ao que nos é mais “valioso” em detrimento de outros objetivos. Como Mises diz:

“Não somos capazes de realizar todos os objetivos simultaneamente — toda ação implica custos.”

Mas o fato é que esses custos estão sempre presentes nas ações humanas, sendo a razão pela qual devemos alocar com eficiência os recursos disponíveis para que possamos aprimorar habilidades que nos levarão à proficiência. Existem também aquelas habilidades que se destacam e que parecem ser o caminho que devemos seguir, mas nem sempre isso acontece; e se almejarmos algo que parece estar fora das nossas eficiências?

A maioria das pessoas não entende que habilidades não são nada além de um amontoado de outras sub-habilidades; e.g., se você quer jogar bem futebol, na realidade, você está falando em ficar bom no toque de bola, em saber se posicionar em campo, em ter visão de jogo, tranquilidade para armação de jogadas — e afins. Se você tem pretensão de investir o seu precioso tempo em alguma habilidade ou setor de trabalho, você deve, primeiro, entender como as suas engrenagens funcionam, para que possa otimizar o seu tempo e construir as suas habilidades em cima de cada ponto que formam o todo, de modo que isso venha a satisfazê-lo. Tomás de Aquino diz:

“O prazer qualifica as funções.”

Portanto, o prazer pode também revelar as nossas vocações, mas é difícil saber sem colocar-se à prova, sem pôr a cara a tapa; você pode não ter habilidades em determinado setor, mas pode, ainda sim, entrar e aprender as funções básicas; e tudo isso fica mais claro se você compreender o que realmente é a teoria motivacional que faz andar esse determinado setor. Não estou falando da demanda que ele abastece, mas, sim, se os objetivos “morais” estão alinhados com os seus — e.g., a área da saúde lida com a demanda dos pacientes, mas quem entra nessa área geralmente é mais humanitário e parece se preocupar com o bem-estar do próximo. Você não precisa gostar de sangue para ser enfermeiro, mas, se você estiver suficientemente alinhado com os valores daquela área, o seu “temor” de sangue será totalmente esmagado pela evolução das suas capacidades, a qual está sendo guiada pelo poder do querer.

Querer = poder”, realmente parece difícil entender isso; se eu lhe disser que A = D, você também achará estranho; mas, se eu disser que A = B = C = D, ficará muito mais fácil você compreender que A = D.

Tendo em vista que, para agirmos em razão de determinado objetivo, precisamos alocar recursos vitais para construir o nosso caminho até o destino almejado, almejar é sinônimo de: desejar e querer.

Querer é o primeiro passo para nos motivarmos no curto, médio e longo prazo; também é a base de toda motivação que aloca os nossos recursos vitais em direção ao nosso ideal; quereré desejar substituir uma situação menos satisfatória por outra mais satisfatória, é desejarestar em determinada situação ou posição. Poder é ter a capacidade, poder é sinônimo de possibilidade.

desejo de estar em determinada situação faz com que você comece a alocar recursos de forma mais eficiente, a fim de obter e aumentar possibilidades que antes não tinha; com o passar do tempo, essas possibilidades se potencializam com a especulação da tangibilidade dos seus desejos.

vocação — que provém do latim vocare, que significa “chamar” — é uma inclinação, tendência ou habilidade que leva o indivíduo a exercer uma determinada carreira ou profissão. E essas características geralmente são dadas como ‘inatas’, pertencendo ao ser desde o seu nascimento; inerentes, naturais e próprias de cada indivíduo. Mas não é bem assim. É fato que todos temos grandes habilidades (e até mesmo únicas), mas respondendo a pergunta que fiz alguns parágrafos antes:

“e se almejarmos algo que parece estar fora das nossas eficiências?”

Para alcançarmos esse ‘algo’ precisamos, primeiramente, querer, um querer profundo: querer ser alguém, querer chegar a algum lugar; ser já, pelo desejo, esse alguém qualificado por seu ideal. O resto sempre se arranja. Livros há em qualquer lugar, e pouquíssimos são necessários. Contatos, estímulos podem ser encontrados; para isso, existem as pessoas altamente eficazes, habilidosas e poderosas — geralmente são indivíduos que, na sua maioria, são dedicados, determinados, disciplinados, com um foco fora do normal. Eles estão aí, a nossa vida é curta, o nosso tempo é precioso, e não precisamos aprender via “tentativa/erro”.

Existem inúmeros indivíduos, livros e conteúdos que estão atualmente disponíveis para que possamos ler, estudar e compreender o máximo possível do mundo à nossa volta, dos seus recursos e das suas possibilidades de aplicação; e esse conhecimento é uma vantagem estratégica que muitas pessoas do passado não tiveram, e você tem essa chance de aproveitá-lo para nutrir-se e escolher o caminho mais vantajoso; portanto, estude e compreenda o que de fato deseja — e, assim, conseguirá enxergar através dos muros que limitam a nossa percepção e terá dado o primeiro passo que desencadeará toda uma gama de possibilidades que antes não tinha; e você aproveitará essas possibilidades para aprimorar sub-habilidades e tornar-se mestre naquela habilidade que encurtará o meio tempo entre você e o seu objetivo.

Ao alcançar o que parecia estar tão longe, irão dizer que você é naturalmente bom no que faz, que você nasceu para ser o que é, que essa sempre foi sua vocação e que a sorte caminha ao seu lado, mas você saberá que o conhecimento, o foco, a disciplina e o fato de você querer muito algo fizeram você chegar tão alto. E, quando estiver lá em cima, perceberá que poucos estão ali; e, quando olhar para baixo, verá que aquilo que diferencia você dos demais é a vocação construída por todo um processo que é alimentado pela motivação de querer MUITO algo.

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